{"id":1401,"date":"2018-06-21T16:57:00","date_gmt":"2018-06-21T16:57:00","guid":{"rendered":"https:\/\/circulareconomy.pt\/?p=1401"},"modified":"2022-03-29T18:17:16","modified_gmt":"2022-03-29T18:17:16","slug":"co-habitacao-novos-modelos-de-alojamento-para-a-cidade-verde-e-inclusiva","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/circulareconomy.pt\/en\/co-habitacao-novos-modelos-de-alojamento-para-a-cidade-verde-e-inclusiva\/","title":{"rendered":"Co-habita\u00e7\u00e3o: novos modelos de alojamento para a cidade verde e inclusiva"},"content":{"rendered":"\t\t
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Nota: este artigo \u00e9 uma adapta\u00e7\u00e3o de um trabalho realizado no \u00e2mbito do mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contempor\u00e2neos que estou a fazer na Faculdade de Ci\u00eancias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Artigo completo dispon\u00edvel\u00a0aqui.<\/a><\/p>

O meu interesse na tem\u00e1tica da co-habita\u00e7\u00e3o nasce do cruzamento de reflex\u00f5es suscitadas por algumas experi\u00eancias pessoais.<\/p>

O recente div\u00f3rcio de um casal de amigos, com dois filhos, fez-me ponderar as op\u00e7\u00f5es que se oferecem \u00e0s pessoas nessa situa\u00e7\u00e3o. Em geral, passam a ser necess\u00e1rios dois apartamentos em vez de um; o uso de recursos cresce e as despesas aumentam em consequ\u00eancia, assim como o risco de isolamento e fragilidade das duas unidades monoparentais. Ter\u00e1 mesmo de ser assim? N\u00e3o se leia nesta quest\u00e3o uma defesa do modelo tradicional de fam\u00edlia, com ambos os progenitores a viverem juntos sob o mesmo teto com os respetivos filhos; leia-se antes uma abertura a modelos diferentes, pouco vigentes nas nossas sociedades mas que podem representar estrat\u00e9gias de resposta aos problemas acima evocados. E se um dos pais se juntasse a uma fam\u00edlia amiga? E se integrasse um coletivo de progenitores s\u00f3s?<\/p>

Das traseiras do meu pr\u00e9dio tenho vista para um grande terreno, esp\u00e9cie de baldio resultante da demoli\u00e7\u00e3o, h\u00e1 cerca de duas d\u00e9cadas, de um bairro oper\u00e1rio. O terreno est\u00e1 nas m\u00e3os de privados a bra\u00e7os com dificuldades financeiras, estando vedado e inacess\u00edvel h\u00e1 mais de 15 anos sem que nenhum uso lhe seja dado. Nem o mercado nem as autarquias conseguem gerar valor (econ\u00f3mico, social) a partir daquele recurso.<\/p><\/div>\t\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/div>\n\t\t\t\t\t<\/div>\n\t\t<\/section>\n\t\t\t\t

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Antigo bairro do Casal de Santa Luzia, atual baldio<\/span><\/p>

Neste bairro de alta densidade habitacional, com poucos espa\u00e7os verdes, seria uma enorme mais-valia poder usufruir daquele espa\u00e7o. E se um coletivo de cidad\u00e3os propusesse um projeto de ocupa\u00e7\u00e3o tempor\u00e1ria aos privados, sob a forma, por exemplo, de horta e parque infantil? Toda a din\u00e2mica do bairro se transformaria com o acesso a esse espa\u00e7o, e com o processo coletivo associado \u00e0 sua disponibiliza\u00e7\u00e3o e reconvers\u00e3o.<\/p>

Fui-me apercebendo que estas e outras reflex\u00f5es se federavam num tema comum: o da\u00a0reinven\u00e7\u00e3o dos espa\u00e7os habitacionais, com e para as comunidades.<\/p>

Uma pesquisa inicial revelou a exist\u00eancia de v\u00e1rios estudos emp\u00edricos e reflex\u00e3o te\u00f3rica \u00e0 volta do tema, agrupados sob o conceito de\u00a0co-housing. Os projetos de co-habita\u00e7\u00e3o (ou habitat participativo) t\u00eam-se multiplicado na Europa a partir dos anos 2000, parecendo refletir e concretizar a \u201ctransi\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica e solid\u00e1ria\u201d (na express\u00e3o feliz do governo franc\u00eas) que a crise ambiental reclama.<\/p>

As investigadoras Sabrina Bresson e Lidewij Tummers (2014) escrevem que \u201co s\u00e9culo XXI come\u00e7ou com o renovar da reflex\u00e3o sobre os modos de habitar a cidade, materializado nomeadamente nas iniciativas de habita\u00e7\u00e3o conjunta ou partilhada, situadas no\u00a0cruzamento entre um discurso idealista de solidariedade e de ecologia, e uma resposta pragm\u00e1tica \u00e0s exig\u00eancias do quotidiano\u201d. Trata-se de uma busca de alternativas \u00e0 produ\u00e7\u00e3o cl\u00e1ssica de alojamento; e \u201calternativas\u201d tem aqui uma conota\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, n\u00e3o no sentido de uma demarca\u00e7\u00e3o ou oposi\u00e7\u00e3o radical, mas no sentido de criar espa\u00e7os de a\u00e7\u00e3o independentes do mercado e do pr\u00f3prio Estado, de \u201cmudar o mundo sem tomar o poder\u201d (Holloway 2008, citado por B\u00e9al e Rousseau 2014).<\/p>

Apesar de faltarem estudos comparativos e de longo termo que permitam avaliar com mais seriedade os impactos do habitat participativo, s\u00e3o apontados benef\u00edcios como:<\/span><\/p>