{"id":3491,"date":"2022-10-12T14:28:46","date_gmt":"2022-10-12T14:28:46","guid":{"rendered":"https:\/\/circulareconomy.pt\/?p=3491"},"modified":"2023-06-30T12:04:22","modified_gmt":"2023-06-30T12:04:22","slug":"nao-vamos-atingir-as-metas-de-reciclagem-sem-melhorar-a-compostagem-dos-biorresiduos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/circulareconomy.pt\/en\/nao-vamos-atingir-as-metas-de-reciclagem-sem-melhorar-a-compostagem-dos-biorresiduos\/","title":{"rendered":"N\u00e3o vamos atingir as metas de reciclagem sem melhorar a compostagem dos biorres\u00edduos"},"content":{"rendered":"\n
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Na composi\u00e7\u00e3o do nosso caixote do lixo, os biorres\u00edduos pesam cerca de 40%. A partir de 2024, a recolha seletiva de biorres\u00edduos passa a ser obrigat\u00f3ria. Para lidar com este fluxo, \u00e9 essencial que, al\u00e9m da recolha porta-a-porta, Portugal invista no tratamento in situ<\/em> (compostagem comunit\u00e1ria e dom\u00e9stica).<\/strong><\/p>\n\n\n\n A meta de prepara\u00e7\u00e3o para a reutiliza\u00e7\u00e3o e reciclagem dos res\u00edduos urbanos (RU) para 2035 \u00e9 de 65%<\/strong>, enquanto a meta de deposi\u00e7\u00e3o em aterro \u00e9 de 10%<\/strong> da quantidade total de RU produzidos. Infelizmente, o que se tem constatado nos \u00faltimos anos \u00e9 que a deposi\u00e7\u00e3o em aterro anda pelos 60% e a incinera\u00e7\u00e3o pelos 20%. Estas formas de \u201ctratamento\u201d geram emiss\u00f5es nocivas e impactos ambientais. Por outro lado, a taxa de reciclagem em Portugal foi de apenas 16,1%<\/strong> em 2020<\/strong>, sendo que a valoriza\u00e7\u00e3o org\u00e2nica dos biorres\u00edduos representa quase metade do total (7,2%) (fonte a). A maior parte da atual valoriza\u00e7\u00e3o org\u00e2nica \u00e9 conseguida \u00e0 custa de instala\u00e7\u00f5es de tratamento mec\u00e2nico e biol\u00f3gico (TMB) (fonte b & c). Com esta reciclagem de biorres\u00edduos a partir da recolha indiferenciada obt\u00e9m-se um composto de fraca qualidade e potencial de aplica\u00e7\u00e3o reduzido. A Diretiva (UE) 2018\/851 (vertida na legisla\u00e7\u00e3o nacional no Decreto-Lei n\u00ba 102-D\/2020) imp\u00f5e que, a partir de 2027, apenas sejam contabilizados para a meta de reciclagem os biorres\u00edduos de recolha seletiva. Quer isto dizer que, dentro de 5 anos, Portugal pode sofrer um dr\u00e1stico recuo na reciclagem em vez do avan\u00e7o desej\u00e1vel<\/strong>.<\/p>\n\n\n\n A aposta que os SGRUs (Sistemas de Gest\u00e3o de Res\u00edduos Urbanos) est\u00e3o a fazer com mais consist\u00eancia \u00e9 na recolha seletiva de biorres\u00edduos. Os estudos (fonte b & d) apontam para custos elevad\u00edssimos de investimento e opera\u00e7\u00e3o para a recolha seletiva de biorres\u00edduos, nomeadamente para valores a +\/- 230 \u20ac\/t para uma taxa de captura de biorres\u00edduos de 10% e +\/- 130 \u20ac\/t para uma taxa de 55%.<\/p>\n\n\n\n As dezenas de estudos municipais apontam para uma taxa de captura de biorres\u00edduos a rondar os 50%. Mesmo que venha a ser alcan\u00e7ada, ser\u00e1 esta quantidade suficiente para cumprir em pleno a meta de reciclagem de RU para 2035? <\/strong>Estes biorres\u00edduos v\u00e3o continuar a alimentar os TMB (numa substitui\u00e7\u00e3o gradual dos res\u00edduos indiferenciados pelos da recolha seletiva), sem aumento de capacidade de tratamento<\/em>.<\/p>\n\n\n\n Qualquer nova instala\u00e7\u00e3o centralizada de tratamento de biorres\u00edduos demora muitos anos a entrar em funcionamento – decis\u00e3o, projeto, financiamento, estudos de localiza\u00e7\u00e3o, constru\u00e7\u00e3o, licenciamento, etc – e requer um investimento elevad\u00edssimo para a respetiva constru\u00e7\u00e3o, opera\u00e7\u00e3o e alimenta\u00e7\u00e3o, considerando ainda depois todos os investimentos necess\u00e1rios em contentoriza\u00e7\u00e3o (com contentores cada vez mais sofisticados), recolha, e transporte em viaturas dedicadas.<\/p>\n\n\n\n Em alternativa, \u00e0 semelhan\u00e7a do que j\u00e1 se passa em muitos locais na Europa (1), a aposta pode ir para a compostagem descentralizada<\/strong>. Existem v\u00e1rios tipos: compostagem agr\u00edcola (2), municipal (3), comunit\u00e1ria e dom\u00e9stica in situ<\/em> – para uma descri\u00e7\u00e3o mais detalhada, ver aqui<\/a> (fonte e). Uma combina\u00e7\u00e3o destes modelos \u00e9 necess\u00e1ria para dar resposta \u00e0 totalidade dos biorres\u00edduos produzidos, atrav\u00e9s de um tratamento de alta qualidade e envolvendo um transporte de muito pequenas dist\u00e2ncias em rela\u00e7\u00e3o aos pontos de produ\u00e7\u00e3o\/recolha. Isso reduzir\u00e1 significativamente as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa.<\/p>\n\n\n\n
Em m\u00e9dia, o teor de biorres\u00edduos nos res\u00edduos urbanos \u00e9 de 40%<\/strong>. Contribuem para esse n\u00famero os res\u00edduos org\u00e2nicos das habita\u00e7\u00f5es e setor privado (horeca), os res\u00edduos dos espa\u00e7os verdes e uma parte dos finos (que tem muitas part\u00edculas com origem na fra\u00e7\u00e3o org\u00e2nica).<\/p>\n\n\n\n