Dietas saudáveis para um mundo saudável

O Dia Mundial da Alimentação celebra-se a 16 de outubro e, este ano, tem como tema "Dietas Saudáveis ​​para um Mundo Fome Zero". Assim sendo, na ementa deste mês, vamos ter uma refeição confecionada com alimentos desperdiçados, no evento Disco Soup. Perguntam vocês: como é que isto pode ser saudável? Bem, o Dia Mundial da Alimentação não visa apenas combater a fome, mas também nutrir as pessoas, enquanto cuida do planeta.

Existem muitos problemas associados ao sistema global de alimentação. Como prioridade máxima, está o combate à fome em todo o mundo. Em segundo lugar, o desafio é alcançar padrões sustentáveis de produção e consumo. Isto porque a maioria dos produtos alimentares que compramos no supermercado tem imensos impactos negativos: os mercados globais de commodities são os principais impulsionadores da desflorestação; a indústria agropecuária é responsável pela poluição da água pelos nitratos, fosfatos e pesticidas; e o setor é a principal fonte de emissão de gases com efeito de estufa, metano e óxido nitroso, entre outros tipos de poluição do ar. Entramos num ciclo vicioso, quando as alterações climáticas e os fenómenos meteorológicos extremos, como secas e inundações, comprometem as colheitas e afetam desproporcionalmente as comunidades pobres. Além disto, o desperdício alimentar é um problema estrutural, com enormes custos financeiros, éticos e ambientais.

Tudo isto prejudica a base de recursos naturais e os ecossistemas dos quais a agricultura depende. Portanto, para garantir a segurança alimentar, precisamos de repensar e reformar todo o sistema, e é claro que os consumidores desempenham um papel fundamental neste processo.

Então, o que é uma dieta saudável e sustentável? Inúmeros livros e artigos (científicosforam escritos sobre este assunto. Algumas leituras obrigatórias são o relatório EAT Lancet e In Defense of Foodde Michael Pollan. Se não tiver tempo para mergulhar na literatura, lembre-se destas 5 dicas:

 

Estes são princípios relativamente simples que devem ajudar os consumidores a fazerem melhores escolhas. Obviamente, podemos ter longas discussões sobre a interpretação detalhada de cada um destes pontos, mas não há necessidade de complicar muito. Basta colocá-los em prática da melhor forma possível. A indústria acabará por ter que os seguir também. Nos últimos anos, estes princípios foram adotados por um número crescente de consumidores em diversos países, tais como a Holanda, onde as refeições biológicas e de base vegetal se têm popularizado (falo por experiência própria). Em Portugal, ainda estamos no começo, mas estou convencida que, também aqui, esta tendência irá continuar e expandir-se.

Para celebrar o valor dos alimentos e aumentar a consciência sobre o desperdício alimentar, a CEP organiza, no dia 16 de outubro, uma Disco Soup, refeição confecionada com excedentes alimentares saudáveis, que de outra forma iriam para o lixo. Para saber mais sobre o problema do desperdício alimentar, consulte este artigo ou aquele artigo que a CEP publicou no passado.

Este evento também irá decorrer no contexto da 2ª edição d
EU Days of Action, promovidas pela campanha Good Food Good Farming, que impulsiona uma Política Agrícola Comum (PAC) justa, saudável e verde. Mais sobre este tema, num próximo artigo.

Este é o primeiro de um conjunto de artigos que serão publicados nos próximos 6 meses, em preparação para o ALIMENTERRA, festival dedicado ao tema da alimentação sustentável, que vai acontecer em Março de 2020.

Obrigado à Ana Mendes (design) e à Susana Batista (tradução)!

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