Existem muitos problemas associados ao sistema global de alimentação. Como prioridade máxima, está o combate à fome em todo o mundo. Em segundo lugar, o desafio é alcançar padrões sustentáveis de produção e consumo. Isto porque a maioria dos produtos alimentares que compramos no supermercado tem imensos impactos negativos: os mercados globais de commodities são os principais impulsionadores da desflorestação; a indústria agropecuária é responsável pela poluição da água pelos nitratos, fosfatos e pesticidas; e o setor é a principal fonte de emissão de gases com efeito de estufa, metano e óxido nitroso, entre outros tipos de poluição do ar. Entramos num ciclo vicioso, quando as alterações climáticas e os fenómenos meteorológicos extremos, como secas e inundações, comprometem as colheitas e afetam desproporcionalmente as comunidades pobres. Além disto, o desperdício alimentar é um problema estrutural, com enormes custos financeiros, éticos e ambientais.
Tudo isto prejudica a base de recursos naturais e os ecossistemas dos quais a agricultura depende. Portanto, para garantir a segurança alimentar, precisamos de repensar e reformar todo o sistema, e é claro que os consumidores desempenham um papel fundamental neste processo.
Então, o que é uma dieta saudável e sustentável? Inúmeros livros e artigos (científicos) foram escritos sobre este assunto. Algumas leituras obrigatórias são o relatório EAT Lancet e In Defense of Food, de Michael Pollan. Se não tiver tempo para mergulhar na literatura, lembre-se destas 5 dicas:
Estes são princípios relativamente simples que devem ajudar os consumidores a fazerem melhores escolhas. Obviamente, podemos ter longas discussões sobre a interpretação detalhada de cada um destes pontos, mas não há necessidade de complicar muito. Basta colocá-los em prática da melhor forma possível. A indústria acabará por ter que os seguir também. Nos últimos anos, estes princípios foram adotados por um número crescente de consumidores em diversos países, tais como a Holanda, onde as refeições biológicas e de base vegetal se têm popularizado (falo por experiência própria). Em Portugal, ainda estamos no começo, mas estou convencida que, também aqui, esta tendência irá continuar e expandir-se.
Para celebrar o valor dos alimentos e aumentar a consciência sobre o desperdício alimentar, a CEP organiza, no dia 16 de outubro, uma Disco Soup, refeição confecionada com excedentes alimentares saudáveis, que de outra forma iriam para o lixo. Para saber mais sobre o problema do desperdício alimentar, consulte este artigo ou aquele artigo que a CEP publicou no passado.
Este evento também irá decorrer no contexto da 2ª edição do EU Days of Action, promovidas pela campanha Good Food Good Farming, que impulsiona uma Política Agrícola Comum (PAC) justa, saudável e verde. Mais sobre este tema, num próximo artigo.
Este é o primeiro de um conjunto de artigos que serão publicados nos próximos 6 meses, em preparação para o ALIMENTERRA, festival dedicado ao tema da alimentação sustentável, que vai acontecer em Março de 2020.
Obrigado à Ana Mendes (design) e à Susana Batista (tradução)!
MAIS REFERÊNCIAS
- Aqui está um guia útil sobre alimentos saudáveis e sustentáveis
- Alimentação sustentável e ambiente
- 10 princípios nutricionais da Dieta Mediterrânica
- Evitar a carne e os laticínios é uma forma de reduzir a pegada ecológica
- Reduzir os impactos ecológicos da alimentação envolvendo produtores e consumidores