Cinco anos de CEP: uma reflexão

No mês passado, a CEP celebrou o seu quinto aniversário! Está na altura de olhar para trás, lembrar como tudo começou e rever o que alcançámos ao longo dos últimos 5 anos.

O início 

Em 2016 decidi deixar o meu trabalho no Ministério do Ambiente dos Países Baixos, mudar-me para Portugal e criar a Circular Economy Portugal. Porquê? Não por causa do bom tempo ou da boa comida. Desde a minha primeira visita a Portugal, fiquei cativada pelo país, apercebi-me do seu potencial e quis contribuir para o realizar. Após quase 5 anos de trabalho sobre sustentabilidade e políticas de economia circular na Holanda, senti-me inspirada para divulgar o conceito e ajudar a acelerar a transição para uma economia circular em Portugal. Foi assim que a viagem começou.

Teamwork e colaboração

A CEP foi criada como uma associação porque acredito na importância da colaboração. O objectivo era criar uma plataforma para que pessoas com os mesmos interesses pudessem partilhar conhecimentos e criar sinergias. 

Ao longo do caminho, conheci muitas pessoas incríveis e motivadas para ajudar a criar uma sociedade sustentável. O apoio ativo das minhas colegas Andreia Barbosa, Marta Brazão e Luisa Marques foi inestimável para tornar a CEP naquilo que ela é hoje. E claro, os voluntários e colaboradores deram um enorme contributo. Embora a base de membros da CEP esteja concentrada em Lisboa e arredores, estamos abertos a novos associados  noutras regiões, tanto individuais como empresas.

Sensibilização a capacitação

Há seis anos, o conceito da economia circular era ainda desconhecido e havia poucas organizações a trabalhar activamente em estratégias circulares. O nosso objectivo era, portanto, dar visibilidade ao conceito. Em 5 anos, fizemos mais de 100 apresentações e palestras (gratuitas) em todo o país, desde Montalegre a Vilamoura. Para não mencionar os numerosos posts nas redes sociais, artigos e entrevistas. Além disso, demos vários workshops de capacitação (por exemplo, Soluções Circulares para Refugiados) e formação (por exemplo, Introdução à Economia Circular em parceria com o Técnico+). Também tivemos o prazer de ser a entidade promotora do documentário É P´ra Amanhã.

Projetos: implementação na prática

No entanto, o nosso objectivo não é apenas falar de economia circular, mas também implementar estratégias circulares na prática. O nosso primeiro projecto foi o Repair Café, para estimular a reparação colaborativa em Portugal. Juntamente com a Fablab, organizámos até agora mais de 40 edições (coordenadas por Rafael Calado e Marta Brazão), que ajudaram as pessoas a reparar mais de 800 objectos. Temos também implementado muitos projetos em colaboração com entidades públicas locais nas áreas da compostagem comunitária, desperdício alimentar, reutilização, partilha e reparação (por exemplo Reparar). Um dos projetos que co-iniciámos com outros parceiros tornou-se uma startup circular: ReCostura.

Políticas e ánalise

O envolvimento das comunidades locais e a inovação social sempre foram uma forte componente em todos os nossos projectos no terreno. No entanto, também acreditamos que para se conseguir uma verdadeira mudança de paradigma é necessário alterar as políticas e regulamentos nacionais. Por conseguinte, a CEP também fez investigação para uma mudança sistémica, por exemplo sobre como disseminar sistemas de reutilização de embalagens ou estimular políticas circulares no Mediterrâneo.

Desafios

É claro que os últimos 5 anos não têm sido fáceis. Como associação sem fins lucrativos sem qualquer apoio institucional, é sempre uma luta encontrar recursos para realizar as nossas ambições. Os financiamentos a que temos tido acesso são sempre temporários e limitados. E embora o ecossistema das organizações na área da EC e da sustentabilidade tenha crescido, ainda há falta de colaboração e sinergias.

O futuro?

Em resumo, a CEP alcançou imenso nos últimos 5 anos, apesar dos recursos limitados. Mas é possível ir muito mais longe na prevenção do desperdício, na reutilização e na reparação. Já existe um nível básico de consciência e conhecimento, resta saber se também existe vontade (política e empresarial) suficiente para traduzir as palavras em mais ações e impactos. Em todo o caso, o futuro é circular e a CEP está aqui para as curvas.

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